sábado, 10 de agosto de 2013

DIA DE SANTA FILOMENA - HISTÓRIA

Santa Filomena (século III) é considerada "santa virgem e mártir", cuja veneração pela Igreja Católica Apostólica Romana iniciou-se em meados do século XIX. O pouco que se sabe de sua vida chegou à Igreja através de revelações privadas, que teriam sido recebidas pela Serva de Deus Maria Luisa de Jesus (1799-1875) em agosto de 1833, na cidade de Nápoles. Essas revelações, por obediência ao seu diretor espiritual, foram transcritas e a veracidade de seus escritos foi atesta pelo Santo Ofício (atual Congregação para a Doutrina da Fé) em 21 de dezembro do mesmo ano.


Revelações de Santa Filomena

Santa Filomena nasceu, segundo a crença, numa cidade-estado da Grécia, filha de pais nobres. Ainda muito jovem, aos 13 anos, foi prometida ao Imperador Diocleciano para ser sua esposa em troca da pacificação de confrontos políticos. O Imperador, por sua vez, "impressionou-se com a beleza da jovem". Como Filomena se recusasse a casar, porque havia eleito o "próprio Senhor Jesus Cristo para seu esposo", o "tirano" ordenou, primeiramente, que a "colocassem num cárcere e a flagelassem sangrentamente".
Tendo sido curada miraculosamente deste suplício, foi ordenado que ela fosse "lançada ao rio Tibre com uma âncora amarrada ao pescoço". E como a "correnteza a levasse até a margem do rio", apesar da âncora, mandou Dioclesiano que a "ferissem com flechadas". Com o corpo todo ferido pelas flechas, a jovem foi "lançada novamente no cárcere". Entretanto, no dia seguinte, conta a tradição que "Filomena foi encontrada com o corpo sadio e sem qualquer marca de ferimento". O "cruel tirano" ordenou, então, que a "ferissem com flechas em chamas". Estas, porém, "voltaram-se contra os arqueiros, matando a muitos". Por fim, "foi a heróica jovem decapitada, por ordem do Imperador".

Restos mortais

No dia 24 de maio de 1802, os ossos de uma mulher entre treze e quinze anos foram descobertos no cemitério de Santa Priscila, nas escavações das catacumbas em Roma por um pedreiro. Avisou-se Monsenhor Ponzetti, então o Guarda das Santas Relíquias, que ordenou que se parasse de quebrar o que quer que fosse. No dia seguinte, 25 de maio de 1802, acompanhados pelo padre Filipo Ludovici, desceram às catacumbas para assistir À abertura total da sepultura. Lá foram encontrados uma ânfora com uma substância, notoriamente "sangue seco" e uma palma, símbolos do martírio. A sepultura estava lacrada por três placas com a seguinte inscrição:
LUMENA (primeira placa) PAXTE (segunda placa) CUMFI (terceira placa)
A sepultura foi documentada por Monsenhor Ponzetti, Guarda das Santas Relíquias, como FILOMENA, uma interpretação do epitáfio de acordo com o antigo costume de se começar as inscrições pela segunda placa e também pela lógica do contexto etimológico. O epitáfio inteiro lê-se, segundo sua interpretação pois
PAX TECUM FILUMENA
O nome de Filomena foi oficialmente atribuído pela Igreja Católica aos restos examinados em 25 de maio de 1802 e inscritos no documentos publicado por Monsenhor Ponzetti, que enviou os despojos dessa mártir cristã à Diocese de Nola (Itália) aos 8 de junho de 1805.

Veneração

Graças à assistência de Monsenhor Bartolomeo de Caesare, Bispo de Nola (Itália), o padre Francisco de Lucia (1796-1847), pároco da Igreja Nossa Senhora das Graças, da cidade de Mugnano del Cardinale (Itália), desejou levar as relíquias de um santo para sua paróquia e foi à Santa Sé em Roma para solicitá-las.
Quando estava na Capela do Tesouro (onde ficavam as sagradas relíquias), dentre tantas apenas três possuíam nomes: um adulto, uma criança e Santa Filomena. Quando ajoelhou-se diante das relíquias de Santa Filomena, alegou que "sentiu-se possuído de uma alegria espiritual jamais experimentada". Sentiu também um "incontrolável desejo de levar aquelas Sagradas Relíquias para sua igreja em Mugnano".
Terminada essa visita, dirigiu-se ao Sr. Bispo de Potenza e ficou sabendo então que "precisaria de uma graça muito especial, ou talvez um milagre". Não havia precedentes de a Santa Sé haver confiado tão preciosos tesouros à guarda de um simples sacerdote. E nesse caso seria praticamente impossível, por se tratar das relíquias de uma virgem mártir cujo nome era conhecido.
Tendo caído gravemente enfermo, padre Francisco "recorreu ao auxílio" de Santa Filomena, prometendo tomá-la como especial Padroeira e levar suas relíquias para Mugnano del Cardinale, caso obtivesse autorização para tanto. Curado milagrosamente, retornou então à Santa Sé narrando a graça alcançada e obteve o pedido, levando triunfalmente as relíquias para sua paróquia em 1º de julho de 1805, onde até hoje se encontram. Assim que lá chegou começaram a acontecer tantos milagres que ia gente de toda a Itália e Europa a pedir e agradecer graças alcançadas.

Milagre do Século

Já em 1833, o Bispo Anselmo Basilici, da Diocese de Nepi e Sutri (atual Diocese de Cività Castellana), pediu a abertura do processo de canonização de Santa Filomena em virtude das inúmeras "graças" que vinham sendo relatadas, obtidas alegadamente através da "jovem mártir". No entanto, era necessário um milagre devidamente documentado pela Igreja e atestado pela Santa Sé e esse milagre veio através de Pauline Jaricot.
A alegada cura da jovem Pauline-Marie Jaricot (1799-1862) foi fundamental para a divulgação da devoção a Santa Filomena pelo mundo católico. Seriamente doente de uma enfermidade cardíaca, pelo que se narra, já desenganada pelos médicos, decidiu sair em peregrinação a Mugnano del Cardinale para rezar junto aos restos mortais de Santa Filomena. Partiu da França e, ao chegar à Itália, dirigiu-se a Roma, onde pediu em audiência ao Papa Gregório XVI que ponderasse sobre a canonização de Santa Filomena caso ela voltasse curada. O Supremo Pontífice responde que sim, convencido de que Pauline, alegadamente moribunda, apenas precisava de uma consolação espiritual e que ele não poderia negá-la.
Pauline Jaricot chegou a Mugnano após uma viagem, dita extenuante, sob o calor do verão italiano do mês de agosto, às vésperas da festa de Santa Filomena. No dia seguinte ela comungou e desmaiou: pensou-se que ela estava morta. Recomposta do desmaio, ela pediu que a levassem até o relicário de Santa Filomena, onde foi curada milagrosamente. O reitor da Basílica tocou os sinos para anunciar a novidade, enquanto o povo exultava de alegria, com o que se chamou de "Milagre do Século", aos 10 de agosto de 1835. Após passar alguns dias em Mugnano del Cardinale, rezando e agradecendo, ela voltou a Roma, onde o Papa Gregório XVI aprovou o culto a Santa Filomena aos 13 de janeiro de 1837.

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